30/09/2008

ENTRE EU, VOCÊ E EU MESMA

As vezes sinto tão forte a lacuna entre o que penso e o que digo que me sinto traída pelas minhas palavras faladas. Decerto há algo que desejo esconder. E escondo, é claro. Por isso o que falo sai tão incompleto. Confundo os outros e também a mim. Meu tom também não se faz sincero. Não do que penso, mas do que falo. Expressa-se na minha fala a inadequada angústia que se instala entre o que se esconde em mim e o que me salta da boca. Ela me trava a mensagem, aquela que deveria emitir e que em alguém tão obviamente deveria chegar. Mas ao tentar concluir o que as idéias me disseram à mente, escondo as palavras do pensamento. Quem mente aqui sou eu. Deixo elas lá, as palavras do pensamento. Escondo também de mim a verdade que sobre o que me faz travar neste espaço em que dialogo entre eu e eu mesma, sobretudo porque devo agora acessar alguém. Este outro sentado à minha frente esperando que eu diga algo de pleno sentido com a profundidade de um abismo, clareza límpida, elegância sensível, algo simples e não simplório bem distrubuído num discurso humildemente bem elaborado e inevitavelmente persuasivo. Ah! Deve instigar quase tão delicadamente provocante quanto tesão de romance! Tudo isso tão sutilmente quanto a dança de uma pluma na brisa.
Não! Não sei nem ao menos escolher entre que digo e o que calo. E este outro, ansioso, espera pela nobreza do que direi.
Ah... se eu fosse mais esperta... logo saberia que não estava sentada de diante de um espelho. E que portanto, trata-se de alguém bem mais simples e tanto menos temeroso este a quem falar.

elA

Um comentário:

tropeços. disse...

saudade dos teus escritos...saudade de ler vc...saudade de ver vc...saudade de discordar de vc...saudade de admirar vc...saudade de ter saudade de vc...saudade de vc!