31/10/2008

laranja

Primeiro, trabalho.
Depois,logo veio a amizade. Forte. Quase cúmplices.
Impressionante como as coisas passam rápido quando vc não está ansioso para isso.
Primeiro, um olhar diferente
Depois, logo veio o desejo.Forte. Quase amantes
.
Pré beijos tentavam tornar-se reais.
As bocas se procuravam a distancia
os olhos se cruzavam.
Os olhos olhavam pra boca.
Qnd não, os olhos olhavam os olhos como se fossem bocas
.
Os sonhos,quentes, a faziam acordar com coração palpitando de vontade
Tinha vontade de ligar, vacilava
Tinha vontade de gritar, calava
Tinha vontade de amar, travava
Tinha vontade de se tocar
Tocava
.
Voltou a dormir
caiu na cama e era como se o colchão fizesse parte do gozo
Ela era sugada pra dentro de seus pensamentos
O colchão, de água, dava a sensação q estava flutuando
e flutuava
Pela boca
pelo olho
pelos poros
flutuava dentro de si
só pra si
.
Primeiro , o encontro.
Depois, logo veio o abraço. Forte. Qse se beijaram
Impressionante como o não fazer nessas horas é mais prazeroso.
.
.
.
.
.
Ele - Vc tá linda de laranja
Ela - engraçado...(ri) vc tb tá legal de laranja
Ele - coincidências...
Ela - é
Ele - Sonhei com vc esta noite
Ela - Coincidências!
Se beijaram
se beijaram
se beijaram
.
Dizem por aí q o beijo dura até hj
...
.
.
.MEL
aventura
diversão
frio na barriga
vento na cara
medo
adrenalina
endorfina
efedrina
tapa na cara
quente no rosto
grito
berro
bateria
primeira fila da montanha russa
queda livre
para quedas
asa delta
toboágua 90 graus
1 segundo antes de entrar em cena
estreia
palco
tenho q te contar uma coisa
vc
é
(todas as minhas sensações mais intensas)
.
.
.
!
!
!
MEL
Nao adianta
vc não entende
!
te amo
sim
!
Vc não entende
.
..
MEL

30/10/2008

de mudança.

(já?) comprei a passagem.



quanto custa o desconhecido?


...

midraj

27/10/2008

A DOIS

Até que a morte nos separe? Melhor retirar da lista de presentes todos os ítens com objetos cortantes. E nada de faqueiros para os noivos.
Sempre que algum amigo vem com a notícia de que vai se casar, estampa-se no rosto do ouvinte um sorriso amarelo tentando esconder aquela pergunta que pisca como alerta vermelho e faz som de sirene em sua cabeça: Até quando vai durar a tragédia? - Abraçamos o sujeito, fazemos votos sinceros de felicidade, mas... difícil acreditar neles.
O sonho do véu, grinalda, escovas de dentes em par estão tão vivos ao fim da primeira década do século vinte e um quanto em qualquer viagem que possamos fazer para trás. Não há mulher que não corra na hora do buquê. As que não correm, não o fazem por pura vergonha de sairem de mão vazias. Todas desejam casar, das mais rapazes as mais catitas. E os homens? Estes também continuam com seus anseios de propagação da espécie e porque não dizer, com seu potencial provedor da felicidade e segurança de uma moça e talvez também do seu futuro rebento. Aliás, constituir família é ainda um sonho no âmbito quase imaginário do indivíduo do nosso século. Indivíduo este que vive numa sociedade quase esquizofrênica por seu caráter oscilante. É claro que qualquer período é transitório, mas hoje nada pode mais se encaixar em modelos, mas se ainda se encaixam, que modelos são esses? Casamentos gays, casais a três, filhos de dois pais com duas mães e madrasta a tira colo ou, quem sabe, um casamento daqueles mais tradicionais mesmo, constituído de um indivíduo do sexo masculino, outro do feminino e um filho que ainda não se sabe de que gênero vai nascer ou... escolher.
Independente da forma que tomará esse matrimônio ou família, é uma relação verdadeiramente artesanal essa de se viver junto.
Quando começa o enredo é bacana brincar de ser meu, o meu eu ser seu, dois virarem um, querer parar o tempo e se sentir numa daquelas comédias românticas campeãs de bilheteria. Música tema para o casal! Se não houver, no problem, eles compõem. Ela a letra e ele a música. O dia inteiro juntos, a semana toda grudados, um mês inseparáveis, juras inifinitas de amor eterno, olho no olho, você é mais do que eu poderia imaginar, corpo no corpo, você é minha pra sempre, alma na alma, quero ter um filho seu, seu travesseiro já se misturou com meu e: Casa comigo? Quem pediu nem quer saber se está fazendo a coisa certa e quem ouviu leva um susto mas sabe que é tudo o que quer. Não há o que pensar. Aliás, pensar pra quê se o negócio mesmo é sentir? Sentir que ele é o homem da minha vida, que ela tem que ser a mãe dos meus filhos, que eu gosto do jeito que ela faz um nó com o cabelo e deixa discreta um mecha cair, que ele me acorda com um beijo no meio da noite e de manhã me leva café na cama, a segurança que ele tem de si, o seu jeito descompromissado com a vida, o desgosto pela rotina, o jeito questionador do sistema... seu jeito tão particular de ser. E ela... tão intensa, tão viva, tão curiosa, seu jeito impulsivo de viver como se estivesse desbravando um lugar desconhecido. E está.
Eles se amam, se admiram, se completam, se querem muito, se tem muito e estão decididos a ter bisnetos juntos.
No altar os dois respondem sim e nenhuma alma infeliz ou abençoada aparece com alguma objeção quando padre dá a oportunidade. As mães choram, as irmãs, as amigas, primas sobrinhas, e alguns corações machos mais sensibilizados podem chorar também. Na festa, todo mundo ri, todo mundo bebe, todo mundo dança YMCA. No dia seguinte todo mundo acorda de ressaca e os dois pombinhos partem para a lua de mel.E que de mel seja feita até a volta para o mundo real.
O mundo real... este compreende contas a serem pagas no fim do mês, silêncios largos nos domingos chuvosos, você não conversa comigo, você fala demais, você trabalha demais, você de menos, você larga a toalha molhada em cima da cama, você não fecha o tubo da pasta de dente, você sempre deixa a louça na pia, você sempre quer que eu lave na hora que você decide, você sempre sai em cima da hora, você que tem mania de fazer tudo com um século de antecedência! "Você isso, você aquilo" poderia dar nome ao festival de acusações que faz parte da norma de cobrança dos casais. E por que não avisam que esse negócio de convivência dá um trabalho e tanto? E que a dose diária de autoconfiança do sujeito se tranformaria em prepotência na boca dela e o o descompormisso poético da bela moça se transformaria em irresponsbilidade ao olhar dele?
Parece mesmo estranho, mas temos uma tendência cega de nos misturamos de tal forma que depois de um tempo queremos que aquele admirável mundo novo pelo qual nos apaixonamos se adeque as leis do nosso e assim toda aquela poesia vai se perdendo sem que percebamos. E quando nos damos conta nem sabemos como foi que aconteceu.
É trabalhoso sim e mais que amor é preciso também pra se manter essa convenção casamentícia que os tempos remotos alimentaram nos nossos ideais. Parece tão óbvio falado assim, mas poucos conseguem mais que amar realmente. E tem ainda aquelas palavrinhas que são repetidas sempre: respeito, paciência, compreensão etc. Mas pra que tudo isso aconteça mesmo... uma boa dose de inteligência emocional é necessária e autoconsciência também, porque é difícil a beça não esquecer que o corpo de casal que surge é apenas um de três naquela casa. Ele ainda existe como indivíduo e ela também. E se ele gosta de chegar cedo aos lugares, que saia antes e ela o encontre depois, como faziam no início de tudo isso. Quem foi que inventou esse negócio de que casal tem que andar grudado sempre? Assim, talvez a vida a dois seja realmente vivida a dois, ao invés de forçarem a barra para viver a um. E então, é bem possível que as coisas caminhem mais adiante.
E se não por acaso uma parada venha a ser obrigatória, que sirva como experiência para a vida inteira. E talvez essa seja a maior demonstração de amor eterno que o casal poderia fazer.

elA

26/10/2008

do biscoito pra tela.

"A elouquência proporciona apenas persuasão; a verdade, lealdade."

frases soltas à delivery.

quer uma?

21 2492-1661

midraj!

diálogo comigo mesma.

(...)




- hoje não to me sentindo muito bem...

- ah não...? que que você tem?

- solidão.


midraj.

uma parte.

não quero mais o mesmo!
não quero mais mesmo.
não quero, nem querer.
porque não quero.
não preciso.
não faz falta.
não faz dirença.
não completa.
não é nada.
não me interessa.
não importa.

AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAhhhhhh!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!


hahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahahah!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

chega de chorar risadas insignificantes.

midraj.

shhh....

é segredo.

escondí num lugar perigoso.

a chave tá no lugar errado.

o caminho é o mesmo.

vem?

o começo fica aqui.

é fácil se perder.

anda do meu lado.



midraj.

carne.



O mundo esqueceu onde colocou a intensidade.

O descartável ta na moda.

Entre, fique a vontade...

Desfrute e depois jogue fora.

Existem outros e outras,

Existem várias.

Coma,

Mas só quando tiver realmente com fome.

midraj.

SAIDEIRA?!
.
.
.
.
.
Já se conheciam.
Ele já tinha lançado olhares dos mais diversos, se mexia o tempo todo, como num balé para chamar a atenção dela.
Ela já tinha percebido sua presença. Apenas percebido.(mentira).Ela SÓ tinha percebido isso
Ele, rosto vermelho, pele suada
Ela, um arrepio e suspirava, pra tentar ventilar o calor
Ele dizia: "nossa, adoro qnd ela prende o cabelo"
Ela dizia: "muito novinho, muito novinho. Mas não há dúvidas q ele é bem interessante"

...

Beberam.
Não só os dois.
Haviam mais 5 pessoas
Para os dois
Só os dois

...

olhos nos olhos
desviam
olhos nos olhos
desviam, agora com um sorriso de cada lado
olhos nos olhos
olhos nos olhos
olhos nos olhos
se olham como se perguntassem a eles mesmos
"o q é isso?"
riem
disfarçam
riem com as pessoas
disfarçam
Se tornam cúmplices
Se olham cúmplices
Se querem
muito
Era como se a distancia entre os dois olhares fosse feita de algo q suga
puxa
hipnotiza o corpo


...


Ela tinha q ir
Ele percebeu e desesperado pegou a saideira
com olhar de cachorro pidão falou :
" A saideira?!"
Ela nunca negaria a saideira, nem para um vira lata
mas pra ele
Ela sentiu as palavras a traírem
"não, eu realmente tenho q ir"
Ele encheu o copo dela,
Deram um abraço
q foi se transformando em carinho
copo na mão dele
copo na mão dela
mãos q apertam
mãos q deslizam
rosto colado
cabelos q pareciam a mesma peruca
"eu não quero soltar"
Ouviu-se o pensamento apertado dos dois
Se soltaram devagar
como se derretessem em um líquido só
Ele riu safado
Ela riu cúmplice
Ele olhou admirado a beleza dela indo embora com a saideira.


mel
eu tenho uma vida de ilusões pela frente
eu tenho uma vida de ilusões
eu tenho uma vida
eu tenho
eu







mel
sabe qnd vc não quer ninguém por perto?
então
...
.
.
.
.
.
.
mel

sua.

diz.

posso ser...
quero ser...

sou.

...


midraj

a procura...

de um jeito,
beijo,
cheiro,
toque.

sem dono,
sem calma,
sem motivo,
sem medo.

de dentro,
de mim,
de nós
um nós,
sem nó...
sem segredo,
achado,
guardado,
secreto,
certo.

e o medo?
deixa...
dado...
de dois,
de um,
sem uns,
e nem alguns,
muito.
muitos meus e seus,
nossos.
nossa.

à procura...
daquele...
ele...
eu.
meu.

correndo...
escorre,
move,
suga,
mexe.
mente...

à procura de:

dele.

de dentro...

sem pista.
sem reta.
sem meta.

sem ela...

ele,
era...

ainda é?
esqueçe...
a falta,
os fatos.
era ela.

era eu.
sem querer,
procuro quem:

me acha.
me persegue.
me chama.
me grita.
me acalma.
me mete.
me olha.
me toca.
me fala.
me abre.
me salva.
me permite.
me carrega.
me cega.
me entrega.
me derrama.
me atravessa.
me escolhe.

me escolhe.

me escolhe?

me leva...


midraj.

24/10/2008

ANGÚSTIA A DOIS

Dissolver esse nó num abraço, pegar o cadarço e fazer um sorriso. Aliás, dois. Um no meu peito, outro no seu. É como se tivesse um velho carrancudo de braços cruzados dentro de mim.

ITINERANTES

Agradeço aquela van
São Conrado/Copacabana
Leva daqui pra lá meus versos
E a minha solidão engana.

elA

21/10/2008

TÍTULO

Quero ser no palco
letra de biografia romanceada
n'alma o que eu queria
era ser puro verso de livre poesia
e na vida , este conto inacabado,
o que eu poderia senão
essa mais plena ficção?

.
.
.

Reticências no espaço do pensar diriam:

Se não houvesse nesse coração estúpido
tamanha pretensão
quereria mesmo ser versos sem rima
amor sem endereço
carta sem destino
ponto sem final
porque no fim tudo vira vírgula
nada no meio de qualquer coisa
sem essa de virar canção,
arte comentada,
bibliografia recomendada
nessa pobre rima
esse particípio que já foi
quisera tanto
que esqueceu de ser

Esse querer mais-que-perfeito...

Há um tempo falando também
do futuro de um que se escondeu lá atrás
não se tocou que seu presente não tinha conjugação
talvez nem verbo
nem coisa nenhuma

E sem querer seria


elA

20/10/2008

angustiante é não saber rotular as sensações.
É claro q não é preciso dar nomes, mas como isso seria confortante.
A cada minuto, mudo o q estou sentindo.
Pela manhã a certeza de algo, já ao meio dia, tudo se modifica rapidamente. Quando chega a noite e a lua aponta na direção dos meus olhos, parece q estou no Japão.
O oposto de mim, agora sou eu.
Vc me faz sentir isso
.
A certeza
A dúvida
O titubear
A mudança
A certeza do oposto
.
Tudo caoticamente jogado dentro de mim
O mais curioso é que
.
eu gosto disso
Eu preciso disso
eu quero isso
.
Como num vício
Daqueles mais fortes
.
Um crack, pela rapidez do viciar
Uma bala, pela intensidade sensorial, pelo tesão
Um ácido, pela graça, pelo riso, pela alegria
Bebida, pela embriaguez e pela ressaca
Maconha, pela leveza, pela FOME, pela viagem
Cigarro, pela fumaça, pela repetição, pelo sugar
.
Todos
juntosmisturadosnumsó
.
.
.
vc
mel

19/10/2008

SENSAÇÃO: a quarta dimensão

.
.
.
A barriga dela encosta nas costas dele
peitos nas escápulas
coxa grossa enroscada pelas pernas
Os pés em movimento
dedos com dedos
os dedões lideram a coreografia podal
braços, muitos braços
mãos que apertam a
pele
q veste
Os dois
escultura polidimensional
Inovando a arte contemporânea
.
.
.
.
CATARSE!!!!!!!!
DEU PANE NA MEMÓRIA!!!
CATARSE!!!
MEL

amo
até quando
até por que
até onde
o
.
.
.
Quem
.
.
.
.
.
Depoimento da Barbie sobre seu amor...
.
.
.
MEL
minha auto imagem é completamente fruto do que vocês construiram pra mim
mas q antes
EU construí pra vcs
escambo de impressões
;
.]
mel
Não quero saber do teu projeto de vida
Minha vida eu vivo assim
um segundo após o outro
sem foco
sem contorno
pés fora do chão e
a cabeça vai junto
pra acompanhar
.
Não quero saber das tuas teorias
Minhas leis eu mesma crio
eu mesma faço
obedeço
e as quebro,
SEMPRE
!
.
Não quero saber das tuas questões
eu pergunto
Eu respondo
e a inda faço comentários
num quase debate entre eu e eu mesma

mellllllll
Sabe quando você é praticamente absorvido pela cama?
Quando seus olhos começam a ter vida própria e dominam a sua visão
Ou quando a cabeça cisma em despencar, acompanhada sempre de um sustinho.
e quando você não quer dar satisfação do seu fracasso
você não quer decidir
Não quer entender
ajudar
dialogar
ouvir
responder
falar coisas interessantes
saber
escrever
Ter!
.
.
.
.
Fadigacorpóreosensorialtelevisivaculináriartisticagentechataficachatopegamal!
/
/
/
MEL

o erro

Nunca tinha experimentado
.
Nunca antes provado por mim
.
Confesso minha curiosidade
.
não de sentir propriamente o gosto,
mas...
minimamente ouvi-lo descrito
por algum
poeta
.
ou melhor
por uma
criança.
.
.
.
.
MEL

15/10/2008

NA MÃO CONTRÁRIA

averso eu
Do avesso
e agora com verso
não converso
do poço não posso
esse troço
na mão contrária
tropeço no fato
um destroço
meu ato reverso
sem verso
me pôs aqui
poço aqui


elA

06/10/2008

no vazio.

de dentro percebo que o infinito se preenche das minhas vontades
não tenho medo de dizer que a verdade é ou era aquilo que eu acreditei que eu quisesse
sempre me escondo atras da camada que envolve o que restou de um pedaço de palavra
na minha cabeça as letras que se formam se confudem com as cores que eu criei
ainda tenho aquela vontade de dizer o que eu esperava
me sigo em volta do que torno a vir a ser
me separo do outro instante que naquele momento parecia ser eterno
seguro com força a expectativa de recomeçar o que já fui
coloco com calma a prateleira vazia no lugar dos espaços já preenchidos
me desfaço do que sobrou da forma de dizer o que não devia ser dito
já parei de me esconder debaixo da planta de uma nova casa
acabei de perceber o tamanho do pequeno pedaço de caminho que deixei pra trás
rasuro o verde que se confundiu com a nuvem acizentada da parede
abraço o sim e me confundo com o desejo de saber o que vem depois
aperto o primeiro sinal que me faz lembrar tudo que um dia eu precisei ouvir
acendo a fumaça do meu inesperado sem me preocupar com a intenção
saio do lugar que sempre estive e volto a tornar na mesa o que eu sei que é certo
corro pela minha própria ladeira de cores seguras
entro no primeiro túnel que antecede o medo
já sequei o que sobrava da minha falsa moral
cheguei aonde o meu ponto final se expandiu para a minha propria reticência.

(...)

midraj

01/10/2008

O POMBO

O seu corpo repousava sobre a cama numa aparência inocente e de sono tranqüilo. O ponteiro anunciava dez horas e o sol encontrava espaço para iluminar levemente o céu esbranquiçado. A varanda nua sem cortinas... e os olhos se abriam, e apertados, se protegiam da luz que o dia irradiava fora da menina. Antes mesmo que qualquer movimento fosse desenhado pelo corpo, um pensamento lhe assaltou à consciência, que agora desperta, se via capaz de lembrar: Será que meu pai está melhor? - Tão logo se perguntou, decidiu que não deveria pensar naquilo: Ah, melhor não esquecer isso, vou me divertir hoje. - Aos nove anos, quem prefere pensar em fatalidades a pular corda? Meninos, talvez. Fazia sol, era uma segunda-feira, dia de escola e escolhas e, portanto, melhor seria afastar os maus pensamentos. Havia bons encontros e muitas brincadeiras que lhe esperavam ao longo das horas que ainda iam passar. Ela não queria trazer consigo o peso que quase se propôs ao abrir os olhos.
Decidida a ter um dia feliz, pulou da cama sem preguiça nenhuma. O sorriso já se instalara no rosto com satisfação e glória. Quando ia saindo pela porta do quarto, já extasiada, deparou-se com a mãe. Ela não sabe exatamente como, mas a entrada de caminhada lenta, espaçada e o humor ainda indecifrável da mãe a empurravam de volta para dentro. A avó entrava com passadas mais firmes, mas trazia consigo a doçura de sempre. Seus irmãos estavam sentados cada um em sua cama, recém despertos também, mas ainda um pouco sonolentos: "Mamãe precisa conversar com vocês." - A menina sentou-se na cama. A mãe de frente para ela e a avó ao seu lado. Havia peso naquele instante. O peso do qual fugira no seu primeiro segundo de consciência do dia. Ela temia o que estava por vir mas como por um instinto de auto-preservação fazia expirar qualquer negativa de seu pensamento: "Não é nada, não é nada. Ela não dirá nada de mau.". Tentava, não fazia.
" Papai do céu levou o pai de vocês." - Um impulso vindo do estômago se espalhou pelas pernas da menina fazendo-a pedalar numa corrida que não sabia para onde. Mas ela não se importava mesmo com o para onde, corria sem pensar. Queria, na verdade, fugir daquele instante, sair daquele peso imenso, emergir daquele inferno, como se não estando ali a dor não a pudesse alcançar. Como se fora daquele ambiente, a realidade pudesse mudar. Ela não sabia para onde, mas corria. Aquele corredor da casa decerto a levaria a algum lugar longe dali. Era nisto em que, sem pensar, confiava a menina. Por trás, um braço forte enlaçou sua barriga segurando-a com a firmeza e a exatidão de que precisava. O cólo robusto da avó lhe acolhia o choro engasgado. No acalento daqueles braços que faziam repousar sua cabeça no peito largo, foi novamente trazida para dentro do quarto. Ali, exceto seu pequeno irmão de apenas quatro anos, todos choravam ao ouvir as explicações da mãe: Foi melhor para ele. O médico disse que se o papai vivesse, teria ficado inválido. -" O que é inválido?" - quis saber a menina. - "Invalido é quando a pessoa não pode fazer nada sozinha. Andar, trabalhar, escrever, nem comer sozinho o seu pai poderia." Ela não queria saber disso, a menina. Porque nem doente o seu pai deveria ter ficado. Afinal, todos os pais tinham saúde, andavam, trabalhavam, faziam tudo. Por que aquilo fora acontecer somente e justo com o seu pai? Mas ela não disse nada. Guardou pra si seus pensamentos pois saberia de todas as respostas que os adultos despejariam para conforto próprio. Além do que, todos já entendiam que a hora do papai havia chegado pontualmente para levá-lo. - "Uma noiva caminhando rumo ao altar de braços dados com o o vazio não pode estar sorrindo. E agora? Quem vai me levar para o altar? Terei vestido branco, um véu rastejando infindo sobre o chão, buquê de copos de leite, grinalda de princesa, a música que eu ainda não escolhi... terei um marido a minha espera, mas... quem me entregará a ele? Quem poderá dizer para cuidar de mim em seu lugar? A princesa bailarina não serei mais, ou quem irá chamar-me assim? Os cafunés das tardes de domingo, as histórias deitadas na cama, as rosas ao final das apresentações de balé no fim do ano... uma menina sem isso é uma noiva sem par antes do altar." Isso tudo acontecendo dentro de sua jovem cabeça até a avó atentar para o pombo que acabara de pousar na varanda: "Que engraçado, ele está ali tão próximo do vidro e não pára de olhar pra cá." Ela entendeu. Olhou para o pombou e percebeu a magia que a avó propunha para transformar o instante. Escolheu então acreditar que naquele pombo que observava atento ao luto de sua família havia um pouco de seu pai. Numa tentativa de comprovar para si sua decisão mística sobre o olhar daquele momento, cutucou o vidro. O pombo não se moveu. Bateu um pouco mais forte, com a ponta dos dedos. O pombom permaneceu imóvel. Espalmou até fazer barulho e finalmente a ave atenta resolveu mirar outro canto. Mas com muita elegância e sem o susto característico da maioria. Virou-se lentamente, deu leves passadas na direção contrária a da menina e voou. Despediu-se a menina ao vê-lo partir.

elA

amigo da onça 1

os dois, na praia.
Ela acabou de sentir um imenso prazer ao tirar a parte de cima do bikini.
Ele extasiado admirando a cena q se encaixava perfeitamente no lindo entardecer em Ipanema.
Ela tem namorado, não ama, mas tem.
Ele se julga amigo.Mas tem a certeza de que amizade engloba muita coisa.
Ela sabe que é bonita e se utiliza muito bem disso.
Ele admira seus dois bicos q parecem saltar através da blusinha branca transparente q Ela usa.
Ele já não aguenta mais aqueles bicos apontando em sua direção, quase que ameaçadores. Como se dissessem: "Me olha!"
Ele num subto de genialidade do qual se orgulha muito, levanta-se: "vou na água"
Ele volta, molhado.
Ela olha
Ele pinga
Ela olha
Ele olha
Ela olha
O bico olha
Ele pinga
O bico, o olho, Ela, Ele se olham
Ele pede um abraço
Ele pinga
Ela pinga
Ela, blusa branca
Ele, água
O bico agora olha, transparente.
mel