05/08/2008


Sozinha no quarto, teclava lentamente o computador. Coluna curvada. Encostado, apenas o cóccix na beira da cadeira. Cabelos presos. Os fios que lentamente deslizavam pelo seu ombro, a deixavam angustiada. Ouvia Clair de Lune. Aliás, estava aí uma coisa q ela odiava. Esse nervosinho dos fios dos cabelos roçando no seu pescoço. Começou passando a mão sutilmente, buscando aliviar a coceirinha q teimosa, voltava a aparecer. Passou a mão mais algumas vezes, agora nem tão sutil assim. Qnd se deu por conta, sentiu o pescoço arder. Rapidamente olhou para os dedos q portavam suas pseudo unhas, q agora estavam com um pontinho vermelho junto ao sabugo. Foi olhar-se no espelho, ficou impressionada com sua capacidade de se auto flagelar, a começar por suas unhas, cada vez menos visíveis.


Lembrou-se de qnd era criança. Tomando banho, resolveu levar uma tesoura para o banheiro. Começou cortando todos os pelos q começavam a existir. A brincadeira começou a ficar divertida e os cortes agora se tornavam cada vez mais radicais. Resolveu então, arriscar. Subindo direto para a cabeça. Achou melhor pegar a gilete para dar um tom talvez de modernidade. Foi então q se deparou com o espelho e a primeira visão foi sua sobrancelha. Ao se olhar de novo, teve a certeza pela primeira vez q o presente não existe, ou q pelo menos qnd nos damos conta dele, ele já passou há muito tempo. Seu rosto agora liso... Chora, chora muito a ausência de suas sobrancelhas.


Ainda de frente para o espelho tira as meias. Olha seus joanetes q a impedem de deixar seus pés paralelos, agradece por ter abandonado o Ballet. Tira o vestido. E devagar se despi de tudo q não é obrigatoriamente seu.
Esta nua. Nua em frente a si própria.Nua de si.
E assim permaneceu durante muitas horas. Não se sabe ao certo qnto tempo. A única coisa q se viu:
O espelho, a gilete e um corte profundo no pescoço já tão arranhado.
mel

Um comentário:

Anônimo disse...

Ainda bem q a sobrancelha cresce, rsrsrsrsrsrs