03/11/2008

não tenho medo da entrega.

me entrego sem passado.
me dou por inteira.
esqueço todas as outras metades.
arrisco.
choro.
me transformo em uma de novo.
não tenho medo do novo.
experimento o mesmo ciclo que risquei a pouco tempo atrás.
quero a intensidade dos momentos que duram para sempre.
sem razão.
sem porquês e oquês.

me aproximo de mim mais uma vez e reconheço um lugar
completamente esquecido.

queria saber dizer as palavras certas.

qual é a fórmula mesmo?
e as respostas me satisfazem por inteira, ou só metade?
e qual delas?

a cada história deixo um pedaço de mim.
queria juntar todos e me tornar a "pessoa certa".
será que eu ainda lembro onde deixei eles?
e se o que eu achar não for o que eu esperava?

será que passa?

então o que fica?
de cada resto... será que sobrou alguma coisa?

as mentiras que eu conto pra mim mesma são
o que me impedem de voltar lá.

mas eu sinto falta.
muita falta.

na frieza do pensamento de quem acaba de acordar
tenho vontade de fechar os olhos e voltar pra onde
os sonhos são a única realidade possível.

se eu olhar pro lado,
você me dá a mão?
se eu tropeçar,
você me segura?
quando meu pé esfriar,
você me abraça?
quando eu sentir medo,
você me conta uma piada?
quando eu gozar,
você beija a minha boca?
quando a realidade estiver impossível de suportar,
você me leva pra ver o mar?
quando eu quiser ficar sozinha,
você me escreve um poema?
quando eu quiser ir embora,
você me promete o impossível?
quando eu me despedir,
você pára o trânsito?
quando a rua estiver deserta,
você me dá um banho de chuva?
quando o sol se por,
você deita do meu lado?
quando eu te encontrar,
você promete que vai me avisar?

qual o tamanho da minha própria ilusão?

expectativas desesperadas.
grandes, grandes expectativas.
a solução pra tudo.
a cura!
o fim dos meus problemas.
o começo da conquista.
a vitória!
a resposta pros meus instantes infinitos de felicidade!

não quero me machucar de novo.

já machucou...

e agora...?

repetição, repetida, repetição repetida.
de novo. mais uma vez.

é melhor ficar muda do que perder o sentido.

esqueçe... nada... deixa pra lá...

quem REINVENTOU o amor (?),
esqueçeu onde escondeu a vontade de dizer:
Eu te amo.

lágrimas desperdiçadas...
tempo desperdiçado...

andando em direção a lugar nenhum.

sem direção.



midraj...

Um comentário:

Rafaela Gomes Figueiredo disse...

a não-direção é, também, um sentido...

geralmente, é uma boa opção!

:)