30/06/2008

05:01 am


Mais uma noite sem dormir. Os olhos inchados. Molhados.
A noite vem e vai com uma rapidez assustadora.
Estava eu, no meu quarto, sozinha, ouvindo as mesmas músicas. Sempre as mesmas músicas. Sempre no “repeat”. O cigarro acabou, procurei por todas as bolsas, e achei... aquele... o último amassado num bolso de um casaco. O salvador! O companheiro das noites intermináveis. O melhor amigo do vinho. O sabor mentolado. A fumaça que alivia.
Pensei em escrever uma poesia. Mas confesso que eu não sei. Não entendo de rimas e palavras bonitas. Passeando pelo meu quarto encontrei uns papeis, uma folhas soltas.
“ De amor, de tempo e de solidão” o título. Lembrei que eram uns textos que a minha avó tinha me dado, e eu nunca tinha parado pra ler. Sem nenhuma pretensão peguei pra ler. Eram um textos que uma amiga dela, que já morreu, havia dado a ela. Minha avó resolveu me dar, pensando que de repente eu poderia usar em alguma peça, ou algum trabalho. A terceira poesia dizia o seguinte:


SOLIDÃO

“ Estou triste.
Por companhia, tenho apenas o cigarro
E as valsas que ouço, não sei de quem.
Estou só.
E, sem querer, em minha solidão esbarro,
Na falta desse amigo que, sei, nem vem...
Estou triste
E conto, a mim mesma, o que é a solidão
Das noites sem fim,
No vazio desse apartamento.
Estou só.
E me são cruéis essas horas todas, em vão,
Que a vida perde sem o menos encantamento
E choro.
Sem me importar que o tempo passe,
Sem que me preocupem as lagrimas que me envelhecem,
Procurando no meu pranto, o sorriso de uma face
Com olhos que, nos meus, olhar um dia quisessem...
E choro, tristemente,
A ausência desse alguém,
Guardando comigo essa imensa ternura.” Renée Jorge



Fiquei pensando que as palavras são quase sempre as mesmas.
Como uma poesia tão antiga pode caber perfeitamente no que eu sinto agora?
Como uma pessoa que eu não conheço e nem nunca vou conhecer, consegue me entender tão bem?
A partir daquele momento, todo o meu descaso com poesia, que antigamente eu achava “um saco..”, acabou.
Foi incrível.
Tudo que eu estava sentindo, tudo em volta... igual.
A mesma pessoa.
Será que somos realmente todos uma mesma pessoa?
Acho que perdi a minha autenticidade.
Achei que só eu tivesse essas noites incessantes de “cigarro, vinho e solidão”. (mentira)
De amor...
De tempo...
E de solidão...

Ai! Que alivio... eu não to tão sozinha!

Midraj.

3 comentários:

tropeços. disse...

VAMOS MARCAR UM ENCONTRO? VC E ELA
EU E ELA.NÓS QUATRO?

Midraj disse...

nós quatro... eu com ela.... eu sem ela.... nós por cima.... nós por baixo...

Anônimo disse...

sou fannnnnn!